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Ser bruxa não é sobre voar em vassouras ou transformar homens em sapos — embora isso também tenha seu encanto rs. É sobre reconhecer o poder e a conexão com o divino que habita dentro de cada um de nós, sobre a magia que existe nas pequenas coisas: no vento que balança as folhas, no calor de uma vela acesa, no sussurro das águas de um rio. É sobre honrar os ciclos da vida, da morte e do renascimento, entendendo que tudo está interligado.
✨ Há tempos que planejo escrever este post, mas confesso que hesitei bastante antes de decidir publicá-lo. Este blog, para mim, sempre foi mais do que um espaço para resenhas de livros; é um pedaço da minha essência, um reflexo do que sou e do que vivo. Por isso, decidi compartilhar essa transformação pela qual tenho passado, não apenas como um registro para quem quiser ler, mas principalmente como um marco para mim mesma. Quero contar como tudo começou, como cada passo dessa jornada tem sido intenso, desafiador e, ao mesmo tempo, incrivelmente belo. Porque, no fim das contas, essa história é minha, e aqui ela fica guardada, como um testemunho do que fui, do que sou e do que ainda vou me tornar. Já falei sobre o Tarot, mas hoje eu vou falar sobre ser bruxa.🧙♀️
A bruxaria, para mim, não é sobre feitiços grandiosos ou rituais misteriosos. É uma conexão muito íntima, um diálogo silencioso com a natureza que pulsa. É encontrar a magia no cotidiano, nos ciclos da lua, nas estações do ano, no canto dos pássaros e na dança das folhas ao vento. É uma conexão com o universo, sobretudo com a natureza e com aquilo que não pode ser visto, mas que pode ser sentido. É como se fosse um fio invisível que nos une ao passado, às raízes ancestrais, e ao mesmo tempo nos guia para um futuro de autoconhecimento e transformação.
O chamado à bruxaria não é algo que se escuta com os ouvidos, mas sim com a alma e nunca é por acaso que esse caminho chega. Esse caminho vem como um sussurro no vento, uma inquietação no peito, uma curiosidade que não se aquieta. Para mim, foi como se fosse algo antigo e profundo começasse a despertar, algo que sempre esteve lá, mas que eu não sabia nomear. Era como se a natureza, as estrelas e a lua estivessem me chamando, me convidando a olhar para além do visível, a mergulhar em um mundo de mistérios e possibilidades, de viver uma espiritualidade ancestral, e acima de tudo, livre de religiões ou dogmas.
Eu acredito em uma força superior, em algo divino que permeia tudo ao nosso redor. Para mim, essa divindade maior se manifesta na Mãe Terra (que uns chamam de Pachamama e outros de Gaia), em sua força criadora, em sua capacidade de nutrir, sustentar e regenerar a vida. Não é que eu não acredite em Deus, mas a minha fé se traduz de uma maneira diferente. Vejo o sagrado na natureza, nos ciclos das estações, na energia que flui entre todas as coisas vivas. Minha espiritualidade é uma reverência à Terra, uma conexão profunda com o que ela representa: a origem, o sustento e o retorno. Para mim, o divino não está distante, em um lugar inalcançável, mas aqui, em cada folha, em cada grão de areia, em cada batida do meu coração.
E no início, era apenas uma atração, então comecei a estudar ervas, ciclos lunares e histórias de mulheres sábias que caminhavam entre os mundos. Mas, com o tempo, percebi que não se tratava apenas de curiosidade. Era algo mais profundo, como se eu estivesse com aquela sensação de “estou voltando para casa”, para um lugar que eu nem sabia que existia dentro de mim. Um lugar onde a intuição era a bússola, e a magia, a linguagem.
O chamado não foi dramático nem cheio de luzes, muito menos algo sobrenatural – nada disso rs, mas eu comecei a sentir uma conexão muito forte quando comecei a me enveredar por esse caminho. Foi em momentos de silêncio, quando eu estava sozinha com meus pensamentos, que senti essa conexão inexplicável com algo maior. Era como se o universo estivesse me dizendo: “Você é parte disso. Sempre foi. Agora é hora de lembrar.” E há uma beleza imensa em reconhecer que somos parte de algo maior. Que cada gesto, cada palavra, cada pensamento carrega uma energia capaz de transformar não apenas a nós, mas o mundo ao nosso redor, nada fica no eco. A bruxaria é, acima de tudo, um caminho de respeito: respeito pela natureza, pelos outros, pelos elementos e por nós mesmos.
E assim, comecei a caminhar. Aprendi a ouvir os sinais, a confiar na minha intuição, a honrar os ciclos da natureza e a reconhecer a magia no cotidiano. Descobri que a bruxaria não é sobre poder no sentido convencional ou aquelas bruxas que conhecemos nos filmes e que são super estereotipadas, mas sobre reconhecer o poder que já existe dentro de nós e ao nosso redor. É sobre equilíbrio, respeito e conexão.
Hoje, entendo que esse chamado não foi apenas para a bruxaria, mas para uma jornada de autoconhecimento e transformação. Ele me levou a olhar para dentro, a enfrentar meus medos, a abraçar minha sombra e a celebrar minha luz. E, nesse processo, encontrei não apenas a magia, mas também a mim mesma. A bruxaria me ensinou a escutar. Escutar a mim mesma, aos sinais do universo, aos segredos que a natureza compartilha em seus ritmos. Ela me mostrou que a magia não está distante, em algum lugar inalcançável, mas aqui mesmo, nas mãos que cultivam ervas, no coração que bate em sintonia com a terra, na intuição que nos guia quando tudo parece incerto.
Esse chamado é, para mim, um convite a viver com mais consciência, mais amor e mais verdade. É um caminho que escolhi seguir, não por obrigação, mas por amor. Porque, no fundo, eu sei que essa sempre foi a minha essência. E cada passo que dou nessa jornada me lembra de que a magia está em tudo — e que eu sou parte dela.
Em um mundo cada vez mais acelerado e tecnológico, a bruxaria natural me oferece um refúgio, um lugar onde posso me reconectar com a minha essência e encontrar a paz interior. É um convite a viver em harmonia com a natureza e a construir um futuro mais sustentável e mágico. E assim, eu sigo, com meu caldeirão de sonhos e minhas estrelas como guias. Sou uma eterna aprendiz, curiosa e reverente, buscando equilíbrio e harmonia em um mundo que muitas vezes parece tão caótico. A bruxaria é minha luz, minha dança com o invisível. E nessa dança, eu me encontro, me reinvento e me permito ser, simplesmente, eu. 🔮🌙
Eu tenho uma fé meio diferenciada também* (aliás, me sinto assim há muito tempo, mesmo tendo crescido em igreja, no fundo nunca me idenfiquei com aquilo). Nunca busquei outros caminhos, na verdade simplesmente acredito em Deus, mas não sigo religião específica. Acredito que todas elas tem seus pontos bons e ruins, cabe a gente a filtrar. Costumo dizer que sinto muito mais a presença de Deus ao ver um por-do-sol do que em qualquer templo. No fundo é isso, temos que buscar nossos caminhos, e ir por onde nos sentimos bem. Se escutarmos nosso coração, iremos naturalmente por ele. 🙂
*Diferenciada no questito da nossa sociedade atual, ainda mais no momento em que vivemos..