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Livro: A Cicatriz de David

março 1, 2024

Dalia é uma jovem beduína que desafia as convenções da aldeia Ein Hod. Quando fica mais velha, vê seu povoado tornar-se importante peça do percurso sionista para estabelecer e expandir o Estado de Israel. Porém, durante a expulsão dos palestinos, seu filho mais novo é raptado pelo oficial israelense Moshe e entregue a sua esposa. Nomeado Ismael, como o filho de Abraão, passa a ser chamado de David pelos pais israelenses.

Amal, a filha de Dalia nascida em um campo de refugiados em Jenin, é a narradora deste conto de um mundo dividido. Seu nome significa esperança, algo que sua mãe perdera depois de anos de guerra e opressão, aspirando retornar à amada Palestina de seus ancestrais.

Moshe, angustiado pelo remorso, ainda houve os gritos da mãe da criança que sequestrou. Sua inquietação é multiplicada pela decepção de ver o sonho de um lugar seguro para o povo judeu mergulhado em sangue. Dalia, acometida pela demência, recebe a notícia de que o marido foi dado como morto durante a guerra, e Yousef, seu filho mais velho, feito prisioneiro, é constantemente espancado e torturado. Uma das vezes por seu irmão, um inimigo do próprio povo que desconhece a verdadeira origem

Esta é a história de dois irmãos lutando entre si. É o “imperialismo sendo implantado a polegadas.” Pouco a pouco, o terreno é roubado, por estradas e assentamentos, por muros e guarnições. É a possibilidade de a Palestina revelar tudo o que manteve retido. Uma litania de guerra e humilhação perpétuas. Mãe e filhas chorando terras roubadas e vidas perdidas. É tempo de a história ter um final feliz. Ou, pelo menos justo.

A beleza nesta história está nos poucos momentos de alegria ou nos raros momentos de esperança. A beleza está na luta de um povo determinado a não morrer. Na crença de uma jovem na família e nos amigos. Na esperança de um pai no futuro do filho. No desespero da perda. Na emoção das palavras ditas e não ditas. Nas histórias de amor que ultrapassam batalhas e ódio. A beleza está na forma como as histórias são narradas. Ler este romance faz compreender a raiva e a dor, o medo e a tristeza que fazem as pedras chorarem.

Toda história é composta por dois lados que se completam; ouvir só um deles é silenciar o outro e você ter apenas uma meia verdade. Esse é o segundo livro da Susan Abullhawa que leio. Susan é uma escritora americana de origem palestina que lança uma luz sobre todos esses conflitos do ponto de vista árabe. Compreender um lado não quer dizer que deixei de me compadecer da dor de judeus que foram brutalmente assassinados no holocausto durante a segunda guerra. Nada se anula.

Os conflitos entre Israel e Palestina, é preciso saber dos fatos sobre os dois lados para compreender toda uma história que perdura há muitos anos. E o momento não poderia ter sido outro: a gente viu o terrorismo do dia 7 de outubro aonde centenas de judeus foram brutalmente assassinados e outros tantos sequestrados, e agora estamos assistindo ao vivo o genocídio do povo palestino promovido por um governo de extrema direita ao qual se tem muita coisa em jogo. Mas história precisa ser entendida, precisa ser lembrada e acima de tudo nunca esquecida para que massacres como esse não voltem a acontecer.

“A Cicatriz de David” é uma leitura necessária. Susan tem uma narrativa poderosa e envolvente que nos transporta para uma Palestina que foi do ponto de vista histórico muito negligenciada, despatriada e empurrada para campos de refugiados para viver sob condições desumanas. O livro conta com diversos personagens de uma mesma família que Susan usou a ficção para nos mostrar como é estar do lado palestino. Amal é a principal, e de uma forma muitas vezes poética, ela humaniza esses personagens com tanta maestria que chega a ser quase tangível, e isso nos permite sobretudo, a compreender a complexidade das vidas que foram arrastadas e brutalmente assassinadas por anos e anos de conflitos.

“Pense no medo. Para nós, o medo começa onde para outros começa o terror, porque estamos anestesiados pelas armas constantemente apontadas para nós. E o terror que conhecemos é algo que os ocidentais jamais conhecerão. A ocupação israelense nós expõe, desde muito cedo, aos extremos de nossas emoções, até que já não podemos sentir a dor a não ser em situações extremas.

As raízes da nossa dor são tão profundas que a morte passou a conviver conosco como se fosse membro da família, alguém que a faz feliz por evitá-la, mas que continua lá, como pessoa da família. Nosso rancor é algo que os ocidentais não podem compreender. Nossas tristezas podem fazer as pedras chorarem. E a maneira como amamos não é exceção. É uma espécie de amor que só conhece quem sentiu uma fome tão intensa que faz com que seu corpo se coma a si mesmo durante a noite. Do tipo que só conhece depois de sobreviver a bombardeios ou a projéteis que atravessam o corpo. É o amor que se lança em um abismo sem fim. Creio que é lá onde Deus vive.”

“A Cicatriz de David” é sobretudo uma imersão a Palestina de antigamente, de um povo que desde sempre teve conexão com sua terra, sua cultura e sua ancestralidade. A gente sente o peso do amor, da perda e da dor de vidas que foram brutalmente afetadas por conflitos que, na maioria das vezes, sequer são mostrados na mídia e que há poucas obras contadas na literatura sob a perspectiva árabe. O mundo neste momento está falhando com os palestinos e a gente está assistindo ao vivo isso – estamos vendo massacres se repetirem, estamos vendo mulheres e crianças sendo varridas do mapa, não podemos perder nunca o valor da vida humana – independente de etnia, nacionalidade raça ou cor. Terminei esse livro convicta de que nunca, nunca mesmo, devemos ouvir apenas um lado da história.

O livro se chama “A Cicatriz de David” mas a história toda é de Amal porque todo o livro é narrado e contado sobre ela, ele também tem outro título – manhãs em Jenin – que é a mesma história. Infelizmente não fizeram mais edições dele, mas você pode encontrar em sebos físicos e online (eu comprei o meu no estante virtual). Leitura mais que recomendada. 5/5:

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No barulho do dia a dia, com tantas opiniões exte No barulho do dia a dia, com tantas opiniões externas e informações a processar, é fácil ignorar aquela voz mansa que reside dentro de nós: a intuição. Mas escutá-la não é apenas um luxo; é uma bússola interna de valor inestimável.

Nossa intuição é o resultado de anos de experiências, observações e sensações armazenadas em nosso subconsciente, trabalhando juntas de uma forma que a lógica pura nem sempre consegue alcançar. É aquele "sentimento" sobre uma pessoa, uma decisão ou um caminho a seguir que, muitas vezes, se mostra mais certeiro do que qualquer análise racional.

Quando nos permitimos sintonizar com essa voz interior, abrimos portas para a autenticidade e para decisões mais alinhadas com quem realmente somos. Ela pode nos alertar para perigos, nos guiar para oportunidades e nos dar a confiança necessária para seguir em frente, mesmo quando o cenário externo parece incerto.

Ignorar a intuição, por outro lado, pode nos levar a caminhos de frustração e arrependimento. Quantas vezes não pensamos: "Eu sabia que não deveria ter feito isso" ou "Meu instinto me dizia outra coisa"?

Cultivar a capacidade de escutar a intuição exige prática e silêncio. É preciso parar, respirar e permitir que a sabedoria interna se manifeste. Confiar em si mesmo e na sua própria verdade é um ato de coragem e de autoconhecimento. A intuição não grita; ela sussurra. E nesse sussurro, muitas vezes, reside a mais pura sabedoria.

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