Os dias de Violette Toussaint são marcados por confidências. Para aqueles que vão prestar homenagens aos entes queridos, a casa da zeladora do cemitério funciona também como um abrigo diante da perda, um lugar em que memórias, risadas e lágrimas se misturam a xícaras de café ou taças de vinho. Com a pequena equipe de coveiros e o padre da região, Violette forma uma família peculiar. Mas como ela chegou a esse mundo onde o trágico e o excêntrico se combinam?
Com quase cinquenta anos, a zeladora coleciona fantasmas ― uma infância conturbada, um marido desaparecido e feridas ainda mais profundas ―, mas encontra conforto entre os rituais e as flores de seu cemitério. Sua rotina é interrompida, no entanto, pela chegada de Julien Seul, um homem que insiste em deixar as cinzas da mãe no túmulo de um completo desconhecido. Logo fica claro que essa atitude estranha está ligada ao passado difícil de Violette, e esse encontro promete desenterrar sentimentos há muito esquecidos.
À medida que os laços entre os vivos e os mortos são expostos, acompanhamos a história dessa mulher que acredita de forma obstinada na felicidade, mesmo após tantas provações. Com sua comovente e poética ode ao cotidiano, Água fresca para as flores é um relato íntimo e atemporal sobre a capacidade de redenção do amor.
Esse foi o primeiro livro que Valérie Perrin escreveu e tenho que dizer que tenho mais uma nova escritora favorita. Eu destaquei TANTAS quotes nesse livro e fiz questão de ler bem devagar pra absorver cada momento dessa história.
Neste livro vamos acompanhar a doce e cativante Violette Toussaint que é a zeladora de um cemitério em uma pequena cidade da França. Violette é o exemplo de superação e força que ela mesma não consegue enxergar ter. Através da vida de Violette vamos conhecendo todas as camadas dessa história, aonde a autora mescla o luto, a morte e o morrer de uma maneira muito delicada e sensível. Adicionado a tudo isso, o livro também fala sobre amizade (Sasha e Cecília, que pessoas incríveis), perdas, superação, recomeços, amor e os desencontros da vida.
Valérie Perrin tem uma narrativa muito peculiar e envolvente que fala muito mais sobre sentimentos do que a história em si. Digo isso com porque semanas atrás li “Três” dela e tive essa mesma sensação. Foi uma leitura maravilhosa com diversas reflexões e vários aprendizados.
Vou deixar aqui algumas das milhões de frases que destaquei no livro:
“Amanhã vamos ter um enterro às quatro da tarde. Um novo residente para o meu cemitério. Um homem de cinquenta e cinco anos, que morreu por ter fumado demais. Enfim, isso foi o que os médicos disseram. Eles nunca dizem que um homem de cinquenta e cinco anos pode morrer por não ter sido amado, não ter sido ouvido, ter recebido contas demais, ter solicitado empréstimos demais, ter visto os filhos crescerem e irem embora, sem se despedir de verdade. Uma vida de críticas, uma vida de caras feias.”
“Tudo é efêmero, Violette, estamos apenas de passagem.”
“Você não está mais onde estava, mas está em todos os lugares onde eu estou.”
“Achamos que a morte é uma ausência, quando na verdade é uma presença secreta.”
“Quando vou para a cama, penso como seria horrível morrer no meio da leitura de um bom romance.”
“Há algo mais forte que a morte, e isso é a presença dos ausentes na memória dos vivos.”
“Eu ouço a sua voz em todos os ruídos do mundo.”
“A vida é apenas uma perda sem fim de tudo o que se ama.”
5/5 com louvor:
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