Na Nigéria dos anos 60, Adah precisa lutar contra todo tipo de opressão cultural que recai sobre as mulheres. Nesse cenário, a estratégia para conquistar uma vida mais independente para si e seus filhos é a imigração para Londres. O que ela não esperava era encontrar, em um país visto por muitos nigerianos como uma espécie de terra prometida, novos obstáculos tão desafiadores quanto os da terra natal. Além do racismo e da xenofobia que Adah até então não sabia existir, ela se depara com uma recepção nada acolhedora de seus próprios compatriotas, enfrenta a dominação do marido e a violência doméstica e aprende que, dos cidadãos de segunda classe, espera-se apenas submissão.
“Cidadã de Segunda Classe” é o segundo livro de Buchi Emecheta que leio, uma escritora nigeriana radicada em Londres e infelizmente já falecida, mas que teve mais de 20 obras publicadas. O primeiro livro que li “As Alegrias da Maternidade” segue sendo o meu preferido. Nesse livro, que é uma auto biografia da autora, a protagonista é Adah, uma nigeriana de uma aldeia igbo na década de 60 que deseja conquistar uma vida mais independente e um futuro melhor para seus filhos em Londres.
Adah não esperava enfrentar o racismo e a xenofobia ao chegar em terras inglesas que até então ela sequer sabia existir – entendam que estamos falando sobre a vida de uma mulher de uma aldeia igbo – com culturas e valores totalmente diferentes dos nossos, com filhos pequenos, praticamente sozinha no mundo e que tinha a Inglaterra (além de colonizadora do seu país), como a terra prometida para nigerianos também. Além de tudo isso, Adah também sequer imaginava que enfrentaria o desprezo de seu marido (que migrou antes para o Reino Unido), a recepção nada acolhedora de seus próprios compatriotas, além do desprezo de sua família. A história se passa na década de 60, mas a gente sabe que isso hoje em dia ainda é muito, mas muito atual, talvez ainda pior.
Eu diria que essa mulher comeu o pão que o diabo amassou. Ela teve que lutar contra as opressões do machismo, sexismo e racismo. Adah foi rebaixada a cidadã de segunda classe tendo que enfrentar diversos obstáculos que muitas vezes pareciam intransponíveis, sendo que seu desejo era tão simples, tão básico e que é de direito de qualquer ser humano: um teto, comida na mesa e respeito. Não é pedir demais, mas quando se tem a barreira da língua e sobretudo a barreira cultural, isso dificulta demais a vida de uma pessoa, ainda mais sendo uma mulher e negra.
Eu gostei do livro, mais ao final ele dá um pouco de respiro e esperança à vida dessa mulher, só não dou 5 na avaliação porque para mim, em alguns momentos, a leitura se tornou um pouco arrastada, mesmo se tratando de um livro curto de 257 páginas, mas ele tem uma continuação – “No Fundo do Poço” – e que pretendo ler em breve. 3/5:
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