“Protagonista e narradora de Hibisco Roxo, a adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família. O pavor de Eugene às tradições primitivas do povo nigeriano é tamanho que ele chega a rejeitar o pai, contador de histórias encantador, e a irmã, professora universitária esclarecida, temendo o inferno. Mas, apesar de sua clara violência e opressão, Eugene é benfeitor dos pobres e, estranhamente, apoia o jornal mais progressista do país. Durante uma temporada na casa de sua tia, Kambili acaba se apaixonando por um padre que é obrigado a deixar a Nigéria, por falta de segurança e de perspectiva de futuro. Enquanto narra as aventuras e desventuras de Kambili e de sua família, o romance também apresenta um retrato contundente e original da Nigéria atual, mostrando os remanescentes invasivos da colonização tanto no próprio país, como, certamente, também no resto do continente.”
Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana de etnia Igbo e muito conhecida por seus contos e romances. Aos 19 anos, Chimamanda deixou a Nigéria e se mudou para os Estados Unidos aonde fez estudos de escrita criativa e mestrado de estudos africanos. Hibisco Roxo é o seu primeiro romance e foi o seu primeiro livro que li. A história fantástica. O livro aborda assuntos complexos e trata de muitas contradições que envolvem a religião, sobretudo o fanatismo e a doutrina da religião branca nos costumes nigerianos, além de política, tirania, golpe militar, intolerância, transgressões, submissão. São muitos pontos que são no mínimo, pertinentes.
É uma história extremamente densa e pesada, mas escrito de uma maneira muito sutil e realista. A narrativa toda é contada pela protagonista Kambili, uma adolescente de família rica, cujo pai é um religioso extremamente fanático e que curiosamente é contra o golpe militar, apoia os jornais progressistas da Nigéria, tira amigos da prisão e ainda ajuda diversas outras pessoas. É visto de fora como uma herói, mas dentro de casa, é completamente o oposto.
Kambili e seu irmão – Jaja, só começam a entender a vida como de fato é, quando passam um tempo com sua tia Ifeoma, seus primos e avô sendo estes muito mais pobres, passando por diversas dificuldades financeiras, mas que seguem seus costumes de suas origens (que aos olhos do seu pai, são considerados como pagãos) e que apesar de todas os obstáculos, se amam e são muito felizes. Através da convivência diária, Kambili e Jaja percebem que as crenças não precisam serem tão rígidas e terem tantos dogmas para se ter a aprovação de Deus e que a fé, vai muito além da religião e discursos vazios.
“Quis dizer a Jaja que meus olhos estavam formigando com as lágrimas que eu não havia chorado. Que havia pedaços esparramados dentro de mim que me machucavam e que eu jamais poderia colocá-los de volta no lugar, pois todos aqueles lugares haviam desaparecido.”
Acredito que Hibisco Roxo seja um retrato da vida de muitas pessoas na Nigéria que passaram por golpes, tirania, opressão, preconceito e que além de tudo ainda tiveram que digerir colonização religiosa branca que influenciou na cultura e nos costumes da nigeriana. Certamente é uma história pra ficar absorvendo na cabeça ainda por muito tempo depois. Leitura mais que recomendada, vai ganhar 5/5 das xícaras:
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