Obra mais famosa de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway narra um único dia da vida da famosa protagonista Clarissa Dalloway, que percorre as ruas de Londres dos anos 1920 cuidando dos preparativos para a festa que realizará no mesmo dia à noite. Pioneiro na exploração do inconsciente humano por meio do fluxo de consciência, Mrs. Dalloway se consagrou tanto pelo experimentalismo linguístico quanto pelo retrato preciso das transformações da Inglaterra do período entre guerras. Misto de romance psicológico com ensaio filosófico, este livro resiste a classificações simplistas e inaugura um gênero por si só. Precursor de algumas das maiores obras literárias do século XX, este romance é uma leitura incontornável que todo mundo deve fazer ao menos uma vez na vida.
Eu vou dizer uma coisa pra vocês e veja bem, não é em tom de gabação nenhuma, mas ler Virginia Woolf não é para os fracos. Essa é a obra dela de maior sucesso e comecei a ler despretensiosamente todo dia um pouquinho durante o meu almoço que é quando tudo está mais calmo no meu trabalho. Não é um livro fluído. É uma leitura não linear, difícil, cheia de camadas e nem se quer é dividido por capítulos.
Em Mrs Dalloway, Virginia usou algo muito comum em suas obras que se chama Fluxo de Consciência – uma técnica literária que se descreve o pensamento de um personagem com o seu respectivo fluxo de consciência, ou seja, são todos os pensamentos e sentimentos complexos de um personagem com impressões pessoais do autor e isso nem de longe é uma leitura fácil. Ao menos pra mim não foi, porém eu diria que foi desafiador ler essa obra.
Mas é um bom livro. A história se passa na época da Primeira Guerra Mundial, a protagonista é Clarissa Dalloway – uma mulher rica, um tanto quanto frívola e narcisista que é casada com Richard Dalloway sendo que este trabalha para o governo. Há uma porção de outros personagens na história e que para mim, inclusive, foram muito mais cativantes e até mais complexos em termos de personalidade e pensamentos do que a própria protagonista em si: como Septimus Smith – um personagem traumatizado pela guerra abordando inclusive alguns temas de transtornos mentais no livro ou Peter Walsh que é apaixonado por Clarissa e cheio de questões existenciais, por exemplo.
Historicamente falando, Mrs Dalloway é um livro muito importante no mundo literário, sobretudo pelos temas abordados como patriarcado, algumas sutis críticas sociais entreguerras e os papéis das mulheres na sociedade. Gostei do livro, mas vou confessar que me conectei muito mais com Virginia Woolf em Um Teto Todo Seu do quem com Mrs. Dalloway, tanto que pra quem pretende começar a ler suas obras, eu aconselho a começar por algo mais fácil por assim dizer e recomendaria “Um Teto Todo Seu” primeiro. 4/5 xícaras:
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