Aos oito anos de idade, Nadia Ghulam teve a casa onde vivia com sua família, no Afeganistão, destruída por uma bomba. Ela passou dois anos no hospital, teve o rosto deformado e perdeu todos os homens da sua família. Nadia, então, percebe que não tem quem traga o sustento para casa e sozinha decide fazer de tudo para salvá-los. Ela subverte as leis do talibã e do regime extremamente machista que proíbe as mulheres de trabalhar e estudar e assume a identidade do irmão morto para buscar o sustento da família.
A história de coragem e sobrevivência de Nadia tem muito em comum com a da ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que desafiou o mesmo talibã para ter acesso à educação. Nadia e Malala são hoje as vozes mais ativas na defesa dos direitos humanos e das mulheres em áreas tomadas por fundamentalistas islâmicos.
Aos 21 anos, Nadia conseguiu imigrar para a Espanha, onde vive há mais de uma década dando entrevistas e palestras sobre sua trajetória e as necessidades e percalços enfrentados pelas mulheres islâmicas sob o regime do talibã. O segredo do meu turbante é uma história emocionante e real que já conquistou milhões de leitores em mais de 25 países.
Eu gosto muito de ler esse tipo de história, sobretudo quando envolve o Afeganistão porque é uma realidade que nós não conseguimos nem imaginar como é estar numa situação como essa. A história de Nádia é muito emocionante e dolorosa. Dolorosa fisicamente porque Nadia passou por diversas cirurgias após sofrer um ataque de bomba que destruiu totalmente sua casa e desfigurou seu rosto e dolorosa emocionalmente porque ainda muito jovem, Nadia teve que abrir mão da sua identidade e se passar por menino para garantir seu sustento e o de sua família durante 10 anos.
O livro é narrado em primeira pessoa, em capítulos relativamente curtos em que Nadia vai contando como foi todo esse processo e por tudo que passou: fome, medo, anulação, sofrimento, mas acima de tudo coragem e perseverança. Não é um livro que vem com reflexões ou pensamentos muito profundos, mas emociona e muito. É uma história REAL, crua e direta de uma menina afegã que tinha uma vida simples, próspera e feliz e que isso mudou completamente a ponto de ter que mudar sua identidade para sobreviver em um país controlado pelo extremismo do Talibã.
Nadia, assim como Malala é um símbolo de luta e de coragem, ouso em dizer que sorte também porque a maioria das mulheres afegãs não tiveram esse desfecho do direito humano básico que todo ser humano merece ter. Todos deveriam conhecer a história de Nadia Ghulan.
Aproveitando o ensejo, há um tempo atrás alguém comentou no Twitter que havia começado o hábito de escrever para todos os autores dos livros que lia, falando das impressões e tals porque os autores gostam de receber esse feedback. Comecei a fazer isso também e escrevi para a própria Nádia Ghulan e ela me respondeu de volta, eu fiquei muito feliz com o gesto:
5/5 xícaras pra esse livro:
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