O premiado romance de estreia de Celeste Ng volta às livrarias com nova capa
Na manhã de um dia de primavera de 1977, Lydia Lee não aparece para tomar café. Mais tarde, seu corpo é encontrado em um lago de uma cidade de Ohio a que ela e sua família sino-americana nunca se adaptaram muito bem.
Quem ou o que fez com que Lydia — uma estudante promissora de 16 anos, adorada pelos pais — fugisse de casa e se aventurasse em um bote tarde da noite, mesmo tendo pavor de água e sem saber nadar?
À medida que a polícia tenta desvendar o caso do desaparecimento, os familiares de Lydia descobrem que mal a conheciam. E a resposta surpreendente, assim como o corpo da garota, está muito abaixo da superfície.“Um romance sobre o fardo de ser o primeiro. Um retrato emocionante de uma família e de uma jovem que luta para atender as expectativas dos pais.”
The New York Times Book Review
Celeste Ng mais uma vez me surpreendeu e eu não esperava menos vindo dessa autora, mas esse livro foi algo que superou as minhas expectativas. Quando eu li “Pequenos Incêndios por Toda Parte” eu amei a história, entrou pros meus favoritos, amei a minissérie que posteriormente logo assisti, mas pra mim, esse livro foi ainda melhor.
“Até na ausência de Lydia, o mundo não se equilibraria. Ele, os pais e suas vidas girariam em torno da lacuna deixada por ela. Seriam sugados para o vácuo que ficaria em seu lugar”.
Celeste Ng tem uma narrativa bem envolvente e eu diria que única, só lendo mesmo os livros dela pra entender o que eu quero dizer. Ela vai contando a história, misturando o presente com coisas do passado e umas pitadas do futuro, mas isso em nenhum momento torna a história confusa, muito pelo contrário, ela te faz refletir em cada capítulo. Celeste Ng te faz olhar bem de perto os sentimentos superficiais – aqueles de momento, mas sobretudo os sentimentos mais profundos de cada personagem na história. TODOS, tem uma grande relevância na trama.
“Antes disso, ela não tinha se dado conta de como a felicidade era frágil, como se a qualquer momento, se não fosse cuidadosa, ela poderia cair e quebrar.”
Aqui temos uma história que começa com a morte de Lydia e que abala todas as estruturas de sua família que já é em diversos aspectos abalada. Mas o que a família ainda não sabe é o que a morte de Lydia representa na vida de cada um e acima de tudo QUEM foi Lydia. Sua família não a conheceu de verdade e não conheceu porque o livro nos mostra o grande drama familiar do impacto que se tem quando pais depositam todas as suas frustrações e sonhos não realizados em cima dos filhos a ponto da cobrança e do amor os anularem e o sufocarem imensuravelmente.
“Certa vez, no museu da faculdade, enquanto Nath fazia cara feia por ter perdido a exibição de planetário, ela vira uma pepita de âmbar com uma mosca presa lá dentro. […] Agora ela pensava na mosca pousando delicadamente na poça de resina. Talvez ela a tivesse confundido com mel. Talvez sequer tivesse visto a poça. Quando enfim percebeu seu erro, era tarde demais. Ela se debatera, afundara e então se afogara.”
A pressão e a frustração em cima de tantas coisas é tão palpável que você entende e se coloca no lugar das lutas internas de cada personagem. Eu achei fantástico isso. O livro também aborda muito a xenofobia, sobretudo com pessoas asiáticas, que foi muito comum nos EUA entre a década de 70 – período esse aonde acontece essa história. O pai de Lydia – James Lee que é imigrante asiático, chegou ainda criança nos EUA e posteriormente se casou com Marilyn que é americana, então pensem no impacto disso também. Há todo mundo passado abordado no livro fundamental pra você conseguir compreender o presente dos acontecimentos.
Eu teria tantas quotes pra destacar em “Tudo O Que Nunca Contei”, mas eu tenho pavor de grifar livros, então eu recomendo de todo o coração que vocês leiam essa história porque entrou com louvor pra minha lista de preferidos. Infelizmente, Celeste Ng só tem dois livros publicados por enquanto e espero que ela escreva muito mais histórias porque é uma autora que merece todo o destaque no mundo literário. Não é a toa que “Pequenos Incêndios Por Toda Parte” entrou para o Clube do Livro da Reese Witherspoon, virou missérie e é uma escritora queridinha da atriz. Agora é a minha queridinha também.
P.S. Pesquisando antes de publicar esse post, acabei de descobrir que “Tudo O Que Nunca Contei” também vai virar filme com ninguém menos que Julia Roberts no elenco. 5/5 xícaras:
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