MÚSICA DO DIA: TAKE IT BACK – PINK FLOYD
E por falar em livros…
Como muitos de vcs sabem, tenho uma paixão imensurável pelas histórias lendárias do Rei Artur, já li vários bons livros sobre sua saga e além de “As Brumas de Avalon”, um dos meus preferidos é a trilogia de “As Crônicas de Artur” (O Rei do Inverno/ Inimigo de Deus/ Excalibur) que, há alguns meses atrás li pela segunda vez… \o/
Estes três livros especificamente são espetaculares quando se fala em Rei Artur, pois, embora o contexto não passe de um romance, há uma realidade mais subjetiva na trama, inclusive, com algumas passagens baseadas em fatos históricos comprovados.
É um livro recheado de guerras com batalhas tristes e sangrentas, mortes, ambições, reinados, escudos, espadas, amor, lugares lindos…. E enfim…
Coisas que realmente, de fato, marcaram o período da Idade das Trevas (e que chorei por inúmeras vezes quando li estes livros).
Conseqüentemente há personagens de uma personalidade ímpar nesta trama… Artur – é claro, um deles – era um homem de uma bondade enorme e uma ânsia gigantesca pela paz e justiça, mas como guerreiro em batalha, lutava como um demônio… Há tbm Nimue, Mordred, Galahad, Derfel, Morgana (embora não tenha tanta participação neste como nas “Brumas…”), Lancelot (por sinal, bem diferente neste livro), Tristan, Isolda, Guinevere, etc, etc, etc…
Porém de todos eles, de quem eu realmente gostei de verdade desde o início, foi Merlin… Sombrio, enigmático, misterioso, sábio ao extremo e de um (mau) humor extremamente mordaz e sarcástico que por conta disso, me rendeu muitas risadas tbm. Fiz questão de anotar algumas de suas melhores passagens nos 3 livros e se alguém já leu, irá se lembrar e entenderá o que estou dizendo. Quem ainda não leu, fica aqui mais uma das minhas inúmeras recomendações…
Merlin fala:
“- Como um pai! Ah, Derfel vc é um animal emocional absurdo. O único motivo para eu tê-lo criado foi pq pensei que vc especial aos Deuses, e talvez seja. Algumas vezes os Deuses escolhem as criaturas mais estranhas para amar.”
“- Não há druidas em Silúria. Pelo menos nenhum que preste.”
“- Acho Derfel que vc nos deixou numa encrenca. Estamos cercados não é? Que coisa, Derfel, que coisa! E vc se diz um comandante de guerreiros.”
(…) “– E onde está meu cajado? Não existe mais honestidade? É um mundo terrível. Sem queijo, sem honestidade e sem cajado.”
(…) “– Eu deploro a ineficiência.”
“- Fazer magia! Um daqueles desgraçados mostra um ovo de tordo e vc acha que é magia? Os tordos fazem isso o tempo todo. Agora, se ele tivesse feito um ovo de ovelha, eu acharia interessante.”
“- Algumas vezes acho que estou condenado a viver entre idiotas. Será que o mundo inteiro está louco menos eu?”
(…) “– Como rezo para que meus ensinamentos não sejam passados a posteridade através da peneira estragada que vc optou por chamar de cérebro, Derfel.”
“- Não banque o sentimental agora!”
“- O gato! Não posso abandonar o gato! Não seja absurdo.”
“- Será que chegaremos em casa ao anoitecer? Sinto saudades da Britânia. E Nimue? Como vai aquela criança querida?”
“- Na ultima vez que a vi – falei amargo -, ela havia sido estuprada e perdido um olho.”
“- Essas coisas acontecem” – disse Merlin descuidadamente.
“- Bom. A fúria é muito útil, e a querida Nimue tem talento para isso. Uma das coisas que não suporto nos cristãos é sua admiração pela humildade. Imagine transformar a humildade numa virtude! Humildade! Vc consegue imaginar um céu cheio somente de humildes? Que idéia pavorosa! A comida ficaria fria enquanto todo mundo ia passando os pratos uns para os outros. (…)”
“- Os marinheiros dizem que os ratos são os primeiros a abandonar um navio condenado. Pobre Ban. Ele era um tolo, mas um tolo bom.”
“- Só estou conversando! A conversa é uma das artes da civilização, Derfel. Não podemos atravessar a vida com uma espada e um escudo, rosnando.”
“- O destino é inexorável.”
“- Não seja absurdo, Derfel!”
“- Como é que vou saber? Vc não me da tempo de ler. Pq não sai daqui e procura ser útil? Emendar um remo ou qualquer coisa que os marinheiros fazem quando não estão se afogando.”
“- Todo mundo fracassa com Artur. Ele espera demais.”
“- Minha vida é cuidar de suas almas e se eu quiser lançar essas almas no sofrimento vcs desejarão que suas mães nunca tivessem dado à luz. Idiotas!”
“- Lugar interessante, a Ilha dos Mortos, não acha? Vou lá quando preciso de companhia estimulante.” (…)
“- A guerra? Foi por isso que vc veio aqui? Implorar a paz! Que idiotas vcs dois são! Gorfyddyd não quer paz. Aquele homem é um bruto. Tem o cérebro de um boi, e mesmo assim um boi não muito esperto.” (…)
“- Derfel, Derfel, vc é tão parecido com Artur! Acha que o mundo é simples, quem bem é bem e mal é mal.” (…)
(…) “- Toda experiência é útil ainda que medonha. Já realizei os rituais muitas vezes, por isso não vou ficar para me divertir, mas vcs estão seguros aqui. Transformo Gorfyddyd numa lesma se ele tocar um fio de suas cabeças tolas.” (…)
“- Eu meto o nariz nos seus negócios? Vou lhe fazer perguntas idiotas sobre lanças e escudos? Vivo incomodando vc com indagações idiotas sobre o modo como vc administra a justiça? Eu me importo com suas colheitas? Resumindo, eu banquei o chato interferindo na sua vida, Derfel?”
(…) – Nem sei pq me incomodo em desperdiçar explicações com vc. É o mesmo que discursar para um boi sobre os pontos mais complexos da retórica! Vc é um homem absurdo. (…)
robson diz
Que nostálgico, de longe meu personagem favorito depois de nimue, sempre adorei ele chamar os outros de “absurso”. Sempre fazia a pessoa achar de de fato existia uma magia com ele diferente dos demais que diziam a ter. Fiquei triste com o fim dele degolado e jogado no mar, mas até o fim me impressionou.
Carlos diz
Terminei a trilogia esses dias e ainda estou passando pela depressão pós livros. Que saudade dos personagens… O último capítulo de excalibur foi triste demais, cheguei a me emocionar algumas vezes, principalmente no final. Fico aqui imaginando o Derfel atravessando a ponte das espadas e se encontrando com Artur e seus amigos.