
Mulheres também podem ser heroínas. Quando a jovem estudante de enfermagem Frances McGrath ouve essas palavras, sua vida ganha uma nova perspectiva.
Criada na idílica Coronado Island e superprotegida pelos pais conservadores, ela sempre se orgulhou de fazer a coisa certa e de ser uma boa garota. Mas o ano é 1966 e o mundo está mudando. De repente, Frankie começa a imaginar um futuro diferente para si mesma.
Quando seu irmão vai servir no Vietnã, ela age por impulso e resolve se juntar ao Corpo de Enfermagem do Exército. Tão inexperiente quanto os soldados, Frankie logo se sente sobrecarregada pelo caos e pela destruição, mas consegue encontrar apoio em outras enfermeiras.
Ao voltar para casa, ela precisará enfrentar novos traumas diante de um país dividido politicamente que não dá o devido valor aos serviços prestados no Vietnã.
Apesar de se concentrar na vida de uma única mulher que foi para a guerra, As heroínas honra as histórias de todas que se colocaram em perigo para ajudar os outros, cujo sacrifício e comprometimento foram esquecidos por seu próprio país.
Já tem quase um ano (senão um pouco mais) que eu estava na expectativa de ler esse livro da Kristin Hannah – que como vocês sabem – é a minha escritora da atualidade preferida desde muito tempo, o lançamento de “As Heroínas” foi agora em maio, aqui no Brasil. Se vocês pegarem as outras resenhas dos livros dela aqui no blog, vão entender o porquê que eu gosto tanto dessa escritora, nem todas suas histórias se passam necessariamente em períodos históricos, mas nos seus dois últimos livros ela usou essa receita e, na minha opinião, deu muito certo.
É muito interessante observar isso porque a Kristin Hannah sempre faz um grande estudo histórico sobre o tema abordado no livro e não fica apenas em algo só usado como pano de fundo para contar uma história. Ela conta os acontecimentos reais, usando as nuances da ficção e geralmente tece críticas bem duras ao governo – que nesse caso – o americano, porque “As Heróinas” envolve o período da fatídica Guerra do Vietnã.
E como também é sua marca registrada – seus livros sempre tem ao menos uma mulher forte, e a protagonista desse é Frankie McGrath – uma jovem idealista, com uma vida abastada e certinha, que ao ver seu irmão ir para a guerra do Vietnã, num momento de crise existencial, decide por contra própria se alistar como enfermeira e ir também.
Obviamente, mesmo ciente para onde estava indo, Frankie não tinha a menor noção do que ia enfrentar, até mesmo porque, acredito que não tem nada nesse mundo que te prepare para os horrores de uma guerra. Mesmo nesse cenário tão difícil, Frankie encontrou a amizade, o companheirismo e dentre as pessoas que ela conheceu ali, eu preciso destacar Barb e Ethel que foram suas grandes amigas – durante e após a guerra. Lembram o que eu disse? A Kristin Hannah sempre conta histórias com personagens femininas fortes em cenários difíceis, mas com um olhar humano que é possível ver a beleza até nos caminhos mais sombrios.
Após dois anos, Frankie volta para a casa e sua recepção não é nada como ela esperava: tanto por seus pais, como pelo povo americano. Sobretudo, pelo fato que ninguém acreditava que mulheres serviram na Guerra do Vietnã e, de fato, isso é historicamente real, tanto que Kristin Hannah dedicou esse livro e deu vozes à todas essas mulheres que serviram no Vietnã, mas que sequer foram lembradas ou citadas. Sem contar todo o fracasso que foi pros EUA essa guerra. Ninguém queria lembrar da Guerra do Vietnã. Mas Frankie quando voltou, precisava exorcizar todo o horror que vivenciou, expor todas as suas perdas (e que não foram poucas), falar sobre seus traumas e por anos ela reprimiu tudo isso porque acreditou que era o melhor a se fazer. Ninguém a queria ouvir. E ela achava que simplesmente deveria jogar essa época da sua vida numa gaveta e esquecer para sempre. Mas não é assim que as coisas funcionam, e aí começaram diversos problemas que eu não vou elaborar, para não dar spoiler pra vocês.
O que posso dizer é que Kristin Hannah sempre te pega pela mão, te joga sem dó em uma história que mexe com suas emoções: te faz chorar, te faz pensar “não pode piorar mais que isso” e piora, e ainda assim, ela nos mostra que por mais que tudo seja sombrio, doloroso e sem esperança, é possível voltar a luz e enxergar novamente o amor e a beleza da vida. Eu nunca espero menos que isso em seus livros e mais uma vez, ela entregou absolutamente tudo e mais um pouco com “As Heroínas.”
5/5:
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