Salama Kassab era estudante de farmácia quando os gritos pela liberdade irromperam na Síria. Ela ainda tinha os pais e o irmão mais velho. Ela ainda tinha um lar e uma vida normal de jovem.
Agora, Salama é voluntária em um hospital em Homs, ajudando os feridos que chegam sem parar. Secretamente, porém, está desesperada para encontrar um jeito de sair de seu país adorado antes que sua cunhada, Layla, dê à luz. Tão desesperada que manifestou a personificação de seu medo na forma de Khawf, uma entidade que a acompanha a cada movimento no esforço de mantê-la segura.
Mas, mesmo com Khawf pressionando-a para deixar a Síria, Salama está dividida entre a lealdade ao seu país e o impulso de sobreviver. Ela terá que enfrentar tiros e bombas, ataques militares e seu próprio senso de moralidade antes de finalmente respirar em liberdade. E, quando o caminho dela cruza com o de Kenan ― um garoto que ela deveria ter conhecido em uma ocasião bem diferente ―, Salama começa a questionar a decisão de deixar o país.
Antes que seja tarde, Salama deverá aprender a enxergar os eventos ao seu redor como eles realmente são ― não uma guerra, mas uma revolução ― e decidir como gritar pela liberdade da Síria.
Zoulfa Katouh é uma escritora canadense de pais sírios. Ela é mestranda em ciências farmacêuticas, atualmente mora na Suíça e é a primeira escritora de descendência síria a publicar um livro. Zoulfa quis levar através da ficção, a Síria que ninguém conhece. Ela deu voz à um povo que sofre todos os dias com essa barbárie estúpida, deu voz à quem perdeu a vida e apagou-se da história – Zoulfa não os deixou em apenas números, ela de certa forma, contou suas histórias também. O contexto se passa revolução síria que perdura até hoje e este livro é, acima de tudo, uma compreensão e consciência aos acontecimentos da Síria que desconhecemos.
“A esta altura, Salama, você só pode esperar pela sobrevivência. Não pela felicidade.”
Eu não sei por em palavras a grandiosidade desse livro porque ele me tocou de uma maneira que há tempos um livro não tocava. A história é permeada de tristeza, violência, lutos e muitas perdas, muitas mesmo. Mas também possui a delicadeza, a doçura e acima de tudo: A ESPERANÇA E A FÉ que vai muito além do que eu consigo expressar. E acredito mesmo que só você sendo descendente ou ter vivido ou passado por uma guerra em seu país, para descrever com propriedade um lugar com histórias e acontecimentos tão palpáveis e brutais, mas que o resto do mundo ignora. Isso nos faz pensar em diversos outros lugares que HOJE MESMO, estão passando pelo mesmo horror incessantemente.
Ninguém escolhe ser refugiado; ninguém sai ao mar sob risco de vida caso não deixe para trás algo ainda mais tenebroso. Os refugiados navegam em direção a um futuro que pode ou não existir, o que demanda enorme coragem.
Zoulfa Katouh foi primorosa e eu diria que ela foi até poética e muitos momentos, inclusive ela usou muito do subconsciente da protagonista para ir desenrolando os acontecimentos da história e isso foi, pra mim, o ponto auge do livro porque serviu pra gente ter, pelo menos, uma mínima ideia do que é realmente viver em um país em guerra – e posso concluir que é devastador.
“Enquanto Houver Limoeiros” é aquele tipo de história que não te promete nada e te entrega tudo, você sabe do que se trata, mas o livro vai ainda muito além do propósito, então eu posso garantir que você não vai terminar esta história imune à emoção e vai sair no mínimo, reflexivo sobre muitas coisas.
Os personagens são bem construídos, os lugares são bem detalhados e muitos acontecimentos são devastadores, mas eu digo que é na busca pela felicidade, na busca pelo direito de existir, é naquele único fósforo aceso no meio de uma imensa escuridão e sobretudo, no âmago de Salama – a personagem principal – que você se agarra e aí sim, o propósito a história acontece. Eu já li muitas histórias sobre guerras, muitos livros sobre refugiados que são super emocionantes, mas posso dizer que esses foi um dos meus preferidos. 5/5:
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