Em seu vigésimo sexto aniversário, Dana e seu marido estão de mudança para um novo apartamento. Em meio a pilhas de livros e caixas abertas, ela começa a se sentir tonta e cai de joelhos, nauseada. Então, o mundo se despedaça.
Danna repentinamente se encontra à beira de uma floresta, próxima a um rio. Uma criança está se afogando e ela corre para salvá-la. Mas, assim que arrasta o menino para fora da água, vê-se diante do cano de uma antiga espingarda. Em um piscar de olhos, ela está de volta a seu novo apartamento, completamente encharcada. É a experiência mais aterrorizante de sua vida… até acontecer de novo. E de novo.
Quanto mais tempo passa no século XIX, numa Maryland pré-Guerra Civil – um lugar perigoso para uma mulher negra –, mais consciente Dana fica de que sua vida pode acabar antes mesmo de ter começado.
“Impossível terminar de ler Kindred sem se sentir mudado. É uma obra de arte dilaceradora, com muito a dizer sobre o amor, o ódio, a escravidão e os dilemas raciais, ontem e hoje” – Los Angeles Herald-Examiner
Octavia Butler – a Grande Dama da Ficção Científica como é assim conhecida nasceu na Califórnia, em 1947. Aos 12 anos começou sua jornada como escritora motivada por um filme muito ruim que assistiu e convencendo-se de que poderia escrever histórias muito melhores.
E foi o que fez. Butler começou a vender algumas histórias para antologias e na década de 1980 ganhou os prêmios Nebula e Hugo, mas foi a partir de 1993 que sua carreira foi solidificada com duas de suas obras e adquirindo assim sua merecida notoriedade como a Dama da Ficção Científica Feminista e principalmente por inserir a questão do preconceito e do racismo em suas histórias.
Butler morreu em fevereiro de 2006, aos 58 anos e em 2010 foi inserida no Hall da Fama da Ficção Científica, em Seattle. Seu legado é tão importante que seus livros são objetos de estudo e seu trabalho e vida ganharam uma exposição na The Huntington Library, na Califórnia.
Kindred pra mim é um livro que não conseguirei descrever com todas palavras o quão incrível foi. Eu não gosto de ficção científica, mas nessa história, a ficção foi inserida de uma maneira muito crua e real de se entender então pra mim, foi muito fácil de acompanhar as viagens no tempo da personagem sem ficar confuso. Dana é a protagonista na história, sua viagem ao tempo quando se está no passado corre diferente de quando ela volta ao presente. Quando Dana volta ao passado é nos EUA do século XIX pré guerra civil e no auge da escravidão, ela sempre volta para salvar a vida de um homem branco que de alguma forma, irá fazer parte dos seus ancestrais.
É impossível não se impactar e não se emocionar com Kindred. Entender o quanto o racismo ainda é, infelizmente, tão pungente no mundo de hoje mesmo quando se fala de um passado, cuja a escravidão acabou e torturou a vida de milhares de pessoas que eram tratadas como objeto. Kindred é um livro realista quando envolve questões raciais, sem romantizações, é provocativo e perturbador que te tira da zona de conforto ao te colocar no sofrimento da protagonista quando ela é teletransportada e passa pelas piores situações de violência, humilhação e sofrimento. Mais que recomendada, eu diria que é sim uma leitura necessária. 5/5:
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