“No panorama da ficção contemporânea, “Pássaros Feridos” tem, sem dúvida, um lugar de honra. Trata-se de um romance denso, épico, pungente e literariamente bem estruturado. Seus personagens, sofridos e marcantes, se integram num cenário rude e fascinante: as vastas extensões dos campos australianos, povoados de carneiros e rarefeitos de homens, que forçam seus minguados habitantes a uma existência isolada, pioneira, quase primitiva, na qual os caracteres se modelam muito à semelhança desse ambiente.”
Esse livro foi mais um daqueles clássicos que a história passa de geração pra geração e, conforme a leitura se desenvolve, parece que o leitor também passa a ser mais um membro dos Clearys. A história começa na Nova Zelândia com Meggie – sendo uma das protagonistas, ainda muito pequenina no meio de 7 irmãos (ou oito? perdi a conta) e seus pais Fee e Paddy. A vida da família é muito dura no campo, eles são relativamente pobres, mas após Paddy receber uma carta da irmã de Paddy extremamente rica para morar na Austrália e herdar a fortuna, todos os Clearys se mudam de país e tudo também passar a mudar na vida de cada um deles.
“Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro para para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento”
“Pássaros Feridos” é um livro extenso e denso, com muitos detalhes e descrições minuciosas de todos os lugares e personagens, sendo cada qual completamente diferentes um do outro. Mas isso não é cansativo, pois a autora vai mesclando com os acontecimentos da vida dos Clearys e você cada vez mais vai imergindo na história. É de fato uma leitura incrível: alguns pontos polêmicos (o padre! gente?!?!), cheio de dramas, resiliência, perdas, encontros e muitos desencontros. Fala sobre orgulho, sobre o amor a terra, sobre as escolhas, e sobretudo nas consequências que cada uma delas carrega.
Contudo, o que não me agradou foi o final. Parece que a autora, sabe-se lá porque, se perdeu do fio da história e focou apenas nos dois personagens que são os filhos de Meggie: Justine e Dane. Acontece que Justine, pra mim, foi uma personagem chata, fútil, frívola e totalmente irrelevante e dispensável pra história, ao contrário da Dane que teve sim, uma história bem interessante e um final trágico. Mas a parte que ela foca e dedicou o final para falar apenas em Justine, pra mim, poderia passar completamente batido porque de verdade, não achei ela nada de acrescentável ao livro e não entendi porque a autora deu essa volta fora da curva. O final não me agradou, infelizmente. Faltou um final digno à Drogheda e principalmente à todos os outros personagens que estiveram o tempo todo na história. Mesmo assim, é uma história que vale a pena ser lida. 4/5:
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