Fenômeno editorial, com mais de 2 milhões de cópias vendidas, Um Lugar Bem Longe Daqui figura nas listas de best-sellers dos Estados Unidos desde seu lançamento original, em agosto de 2018.
Por anos, boatos sobre Kya Clark, a “Menina do Brejo”, assombraram Barkley Cove, uma calma cidade costeira da Carolina do Norte. Ela, no entanto, não é o que todos dizem. Sensata e inteligente, Kya sobreviveu por anos sozinha no pântano que chama de lar, tendo as gaivotas como amigas e a areia como professora. Abandonada pela mãe, que não conseguiu suportar o marido abusivo e alcoólatra, e depois pelos irmãos, a menina viveu algum tempo na companhia negligente e por vezes brutal do pai, que acabou também por deixá-la.
Anos depois, quando dois jovens da cidade ficam intrigados com sua beleza selvagem, Kya se permite experimentar uma nova vida — até que o impensável acontece e um deles é encontrado morto.
Ao mesmo tempo uma ode à natureza, um emocionante romance de formação e uma surpreendente história de mistério, Um Lugar Bem Longe Daqui relembra que somos moldados pela criança que fomos um dia e que estamos todos sujeitos à beleza e à violência dos segredos que a natureza guarda.
Um dos livros mais fantásticos e emocionantes que eu li nos últimos tempos. Muitas histórias me emocionam, mas há tempos que eu não chorava de verdade com uma história e esse livro me arrancou muitas lágrimas. Aqui temos a história de Kya – uma criança que desde muito cedo aprendeu o que é solidão após ter sido abandonada pela mãe, depois pelos irmãos e posteriormente tendo que conviver com um pai violento e alcoólatra que logo é abandonada por ele também. Kya viveu toda a sua vida no brejo e foi na natureza que buscou seu refúgio. Nunca foi a escola. Nunca teve amigos. Era discriminada por todos da cidade, até conhecer Tate que a ensinou a ler e a escrever e ambos se apaixonaram, mas aí, mais uma vez, Kya é abandonada.
Durante a narrativa acompanhamos os passos de Kya desde a infância até a vida adulta, além disso, temos o mistério de um assassinato aonde Kya é a principal suspeita – o que deixa a história ainda mais envolvente e tensa em muitos momentos. Não vou me prolongar mais nos pontos da história para não soltar nenhum spoiler, mas fiquei tocada com a escrita delicada e praticamente poética de Delia Owens.
“O sol, quente feito um cobertor, envolvia os ombros de Kya, chamando-a mais para o fundo do brejo. Às vezes ela escutava ruídos noturnos que não conhecia ou se assustava com algum relâmpago próximo demais, mas, sempre que titubeava, era a terra quem a amparava. Até, por fim, em algum instante que passou despercebido, a dor no coração se esvaiu para dentro da areia como água. A dor continuou ali, mas no fundo. Kya passou a mão na terra molhada que respirava, e o brejo virou sua mãe.”
“Um Lugar Bem Longe Daqui” é uma história que fala sobre abandono, solidão, recomeços, superação, sobrevivência, preconceitos, maldade, mas acima de tudo fala em como natureza é capaz de acolher, cuidar e sendo assim salvar uma vida humana. Nos faz pensar em muitas coisas: no negligenciar vidas que deveria ser nosso dever amparar, na dor pessoal que cada um carrega e que muitas vezes julgamos sem saber a história, em como a natureza é capaz de acolher, cuidar e transformar a vida de um alguém. Sem duvida é um dos melhores livros de 2019 e entrou pra minha lista de preferidos. 5/5 xícaras que se pudesse eu dava mil:
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